A desvalorização dos veículos seminovos e usados é apontada pelo setor como a principal sequela causada pelo desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos, que provocou alta nas vendas dos zero quilômetro e ajudou no pequeno crescimento de 0,6% economia brasileira no 3º trimestre, anunciado nesta sexta-feira (30).
Ao cruzar o custo na tabela Fipe de um modelo seminovo com o preço de veículos novos, o consumidor observa que pagaria cerca de R$ 42 mil em um Toyota Corolla XLi 1.8 Flex ano 2009, por exemplo, enquanto o mesmo carro, zero quilômetro, sairia por R$ 62.800. O sedã usado vale praticamente o mesmo de outro modelo da marca, o Toyota Etios 1.5 16V XLS, que é um compacto cujo preço sugerido em R$ 42.790.
O efeito colateral sobre os preços de seminovos e usados, de acordo com os lojistas consultados pelo G1, é uma baixa que varia entre 10% e 20% — para comparação, o desconto do IPI chega a 10% nos carros novos — e prejudica concessionários a revendedores multimarcas. “Um monte de lojas fechou, outras passam por dificuldades extremas. O governo usou o desconto do IPI para forçar o crescimento do PIB, mas isso causou um racha no mercado”, afirma o proprietário da Phoenix Multimarcas, Wilson Gonçalves Junior, que tem a loja em São Paulo há 10 anos.
Segundo o empresário, durante este ano o movimento em sua loja caiu 50% em relação às vendas de 2011. “Eu vendia 30 veículos por mês. Hoje a gente vende entre 15 e 18 carros. Em novembro, que normalmente é um mês forte, nós vendemos até agora só 11 unidades”, contabiliza.
O mesmo problema foi sentido pelo gerente de vendas da concessionária Fiat Auguri, Maier Polera. Segundo ele, 40% a 50% dos negócios fechados na concessionária são feitos tendo carros seminovos e usados como entrada.
“As pessoas olham muito o desconto para o carro novo. Então, mesmo que o carro que o cliente dá na entrada esteja muito desvalorizado, ele fecha o negócio e compra o novo”, afirma Polera, que ainda tenta desovar os carros que a concessionária comprou como entrada dos negócios de novos.
Sobre o valor que está na tabela Fipe, o economista Alexandre Lignos ressalta que no cálculo do lojista entra ainda o desconto dos impostos e o lucro que terá com a venda do carro, mas sem perder um preço acessível para poder vender. Por isso, os valores oferecidos na troca sempre ficam abaixo da tabela.
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