A Renault vive um momento especial de sua história. Um dos seus mais famosos modelos, o Alpine A 110, está comemorando 50 anos. Na Europa, um moderno carro-conceito acaba de ser anunciado ao mundo para marcar a data. No Brasil, também há motivos para celebração; afinal, o “Willys Interlagos” – versão brasileira do “Renault Alpine” -, foi o primeiro carro esportivo fabricado no País que conquistou as ruas e as pistas brasileiras, despertou a cobiça de quem era jovem na década de 60 e hoje arranca suspiros dos admiradores de automóveis antigos.
Fabricado a partir de 1961 sob a chancela da Willys Overland – que obteve na época a licença da Renault –, o Alpine recebeu temperos bem brasileiros, o que lhe garantiu ‘alma’ diferenciada em relação ao veículo comercializado na Europa.
A começar pelo nome: Interlagos. Uma sugestão criativa que partiu do publicitário (e apaixonado por carros) Mauro Salles para homenagear o principal autódromo do País. A referência “caiu bem” ao esportivo; pois, foi guiando a versão de corrida do Willys Interlagos que ícones do automobilismo verde-amarelo, como Bird Clemente, inspiraram os novatos que surgiam, notadamente Emerson Fittipaldi, Wilson Fittipaldi Jr. e José Carlos Pace, numa época em que os pilotos brasileiros começavam a se profissionalizar.
A década de 60 foi uma época marcante do automobilismo nacional, e o time mais bem estruturado era a equipe Willys, dona dos melhores pilotos e do melhor carro: o Interlagos! As berlinetas amarelas com uma faixa dupla longitudinal, passando sobre o teto e o capô, eram sinônimos de bandeira quadriculada.
As vitórias se sucederam nas mais importantes competições do período: GP da Guanabara, 500 km de Interlagos, 200 milhas de Montevidéu. E, assim os Interlagos, assim como os Gordinis – também fabricados pela Willys sob licença da Renault – impulsionaram a paixão dos brasileiros pela velocidade e fizeram do automobilismo uma paixão nacional.
Willys Interlagos, primeiro esportivo nacional com o DNA do Renault Alpine
Não é difícil saber por que o “Alpine brasileiro” virou objeto de culto. Entre 1961 e 1966, numa época que a indústria automobilística nacional ainda estava se estabelecendo por aqui, foram produzidas, sob encomenda, 822 preciosas unidades do modelo nas versões cupê, conversível e berlineta (uma espécie de cupê dois volumes, cujo vidro traseiro não está incorporado ao porta-malas).
Em 1961, na segunda edição do Salão do Automóvel de São Paulo – quando o evento era no Pavilhão do Ibirapuera e a frota brasileira tinha pouco mais 200 mil veículos – o “Interlagos”, primeiro carro esportivo brasileiro foi apresentado ao público, causando alvoroço no estande da Willys e se tornando a principal atração daquela edição do Salão.
As linhas esportivas e aerodinâmicas chamavam atenção na época. Em termos de design, o Renault Alpine produzido no Brasil, batizado de Willys Interlagos, era o que havia de mais moderno na Europa e deixava outros modelos nacionais bem longe no retrovisor. A dianteira era marcada pelos dois faróis redondos; e a traseira tinha uma ampla área envidraçada e uma grade cromada para auxiliar na refrigeração do motor.
No interior, mais tempero esportivo, com volante de três raios, velocímetro e conta-giros, coisa rara na época, além de bancos que deixavam o motorista numa posição bem baixa, como convém em um modelo desenvolvido para as pistas de competição e trazido para as ruas e avenidas das grandes cidades. O toque de sofisticação era dado pelo revestimento de madeira no painel.
A versão de série do Interlagos era equipado com motor de quatro cilindros instalado na traseira, com três capacidades volumétricas: 845, 904 ou 998 cm³, com potência variando de 40 hp a 70hp. O propulsor tinha a tarefa de empurrar apenas pouco menos de 600 quilos. Isso mesmo! Com apenas 3,7m de comprimento (3 cm a menos que um Clio) e carroceria de plástico reforçado e fibra de vidro, o baixo peso e o ajustado câmbio mecânico de quatro marchas eram dois dos trunfos do Interlagos para garantir o prazer ao volante de motoristas e pilotos. Com isso, o motor mais potente, o de 998 cm³, com 70 hp levava o modelo a 160 km/h.
Willys Interlagos: uma das atrações do “Noite Renault”
A Renault do Brasil sabe da importância histórica do modelo para os brasileiros, e, por isso, o Renault Alpine produzido no Brasil, batizado de Interlagos, é sempre um clássicos modelos homenageado e um dos que mais chamam a atenção dos visitantes do evento “Noite Renault” – encontro anual da marca, em parceria com o Auto Show Veículos Antigos, que reúne os colecionados e apaixonados pelos modelos Renault de várias épocas, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo.
Pilotos da equipe Willys, como Geraldo Meireles, Luiz Pereira Bueno, Bird Clemente, Francisco Lameirão, Jan Balder, Carol Figueiredo e Luiz Evandro “Águia” Campos já foram homenageados no “Noite Renault”, pelos importantes feitos realizados por eles guiando o Willys Interlagos nas mais várias corridas e pistas no Brasil.
A materia acima está muito boa, mas tem algumas coisas que precisam ser esclarecidas e/ou corrigidas, ou seja:
ResponderExcluir1-Os primeiros Interlagos, até abril de 1963 eram Alpines verdadeiros, apenas montados no Brasil, com algumas alterações e nome diferente.
O primeiro Interlagos modelo 1962, exposto no salão de Paris nunca tinha vindo ao Brasil foi fabricado em Dieppe, França!
A partir de 1963 eles começaram a ser fabricados realmente no pais,inclusive a carroceria, mas ainda com um baixo índice de nacionalização.
2-A licença de fabricação não foi dada pela Renault e sim pela SOCIÉTTÉ DES AUTOMOBILES ALPINE, que era uma empresa independente, pertencente a Jean Redelé, que posteriormente vendeu a Renault.
Atenciosamente,
Mauricio C.Lima